terça-feira, 27 de novembro de 2012

O primeiro pensador modeno – René Descartes


            René Descartes (1596-1650), também conhecido pelo nome latino Cartesius (daí seu pensamento ser conhecido como “Cartesiano”), é considerado o primeiro filósofo moderno. A sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou no seu desenvolvimento, o método cartesiano.
            O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico – que nada tem a ver com a atitude cética: duvida-se de cada ideia que não seja clara e distinta. Ao contrario dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas existem porque precisam existir, ou porque assim deve ser etc. Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que poder ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Baseado nisso, Descartes busca provar a existência do próprio eu (que duvida, portanto, é sujeito de algo – se duvido, penso; se penso, existo: “cogito, ergo sum,”. “Penso logo existo”) e de Deus. Eis aí o fundamento, o ponto de partida para a construção de todo seu pensamento. Mas este “eu” cartesiano é o puro pensamento, uma res cogitans (um ser pensante), pois no caminho da dúvida, a realidade do corpo (res extensa, coisa externa, material) foi colocada em questão.
            A parti dessa intuição primeira (a existência do ser que pensa que é indubitável), Descartes distingue os diversos tipos de ideias, percebendo que algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e distintas.
            As ideias claras e distintas são ideias gerais que não derivam do particular, mas já se encontram no espírito, como instrumentos de fundamentação para a apreensão de outras verdades. São as ideias inatas, que não estão sujeitas a erro, pois vêm da razão, independentes das ideias que “vêm de fora”, formadas pela ação dos sentidos, e das outras que nós formamos pela imaginação. São inatas, não no sentido de o homem já nascer com elas, mas como resultantes exclusivas da capacidade de pensar. São ideias verdadeiras. Nessa classe estão a ideia da substância infinita de Deus e a ideia da substância finita, com seus dois grandes grupos – a res cogitans e a res extensa.
            Embora a conceito de ideias claras e distintas resolva alguns problemas com relação à verdade de parte do nosso conhecimento, não dá nenhuma garantia de que o objeto pensado corresponda a uma realidade fora do pensamento.
            Se Deus existe e é infinitamente perfeito, não me engana. A existência de Deus é garantia de que os objetos pensados por ideias claras e distintas são reais. Portanto, o mundo tem realidade. E dentre as coisas do mundo, o meu próprio corpo existe. O que caracteriza a natureza do mundo são a matéria e o movimento (res extensa), em oposição à natureza espiritual do pensamento (res cogitans).
            Para isso, Descartes lança mão, entre outras provas, da famosa prova ontológica da existência de Deus. O pensamento deste objeto - Deus – é a ideia de um ser perfeito; se um ser é perfeito, deve ter a perfeição da existência, se não lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, ele existe.
            Em relação à Ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser superada pela metodologia de Newton. Ele sustentava, por exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo. Acreditava que a matéria não possuía qualidades secundárias inerentes, mas apenas qualidades primarias de extensão e movimento.
            Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria analítica. Até Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos completamente separados da Matemática. Descartes mostrou como traduzir problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de coordenadas.
            A teoria de Descartes forneceu a base para o Calculo de Newton Leibniz, e então, para muito da matemática moderna. Isso parece ainda mais incrível tendo em mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo no seu Discurso Sobre o Método.

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