Nesse ambiente cientificista, desenvolve-se no século XIX o
pensamento positivista, cujo principal representante foi Auguste Comte
(1798-1857). Ao examinar o desenvolvimento da inteligência humana desde os primórdios,
Comte diz ter descoberto uma grande lei fundamental, segundo a qual o espirito
humano teria passado por três estados históricos diferentes: o teológico, o
metafisico e finalmente o positivo.
Auguste Comte (1798-1857) |
No estado teológico, as explicações são dadas a partir de uma
causalidade sobrenatural: os fenômenos resultam da ação dos deuses, no
metafisico os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, por
noções absolutas pelas quais se procura explicar a origem e o destino do
universo; finalmente, no estado positivo, decorrente do aparecimento das ciências,
as ilusões são superadas pelo conhecimento das relações invariáveis dos fatos,
por meio de observações e do raciocínio que visam alcançar as leis efetivas.
Para Comte, o estado positivo corresponde à maturidade do espirito
humano. O termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em
oposição à indecisão, o preciso em oposição ao vago. É o que se opõe a formas teológicas
ou metafisicas de explicação do mundo.
Enfim no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a
impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o
destino do universo, a conhecer as causas intimas dos fenômenos, para
preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio
e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de
sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos
reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre diversos fenômenos
particulares e alguns fatos gerais, cujo numero o progresso da ciência tende
cada vez mais a diminuir.
O positivismo retoma a orientação daqueles que aproveitam a
crítica feita por Kant à metafisica, no século XVII. E leva às ultimas consequências
o papel reservado à razão de descobrir as relações constantes e necessárias
entre os fenômenos, ou seja, as leis invariáveis
que os regem. Ao se estender as explicações sobre os fenômenos humanos, essa
concepção expulsa delas a noção de liberdade. Isso porque as leis invariáveis da
física se sustentam pelo postulado do determinismo segundo o qual o reino da ciência
é o reino da necessidade. Entendemos por necessidade física a “determinação de
um encadeamento causal, relação em que uma mesma causa determina sempre um
mesmo efeito”. Nesse sentido, necessário opõe-se a contingente, ou seja, algo
que pode ocorrer ou deixar de ocorrer, por ser livre e imprevisível. O determinismo
cientificista desconsidera as formas de compreensão da realidade que não sejam
positivistas. Portanto, expulsos os mitos, a religião, as crenças em geral e a
metafisica, que papel reservado à filosofia? Segundo Comte, cabe a ela a mera
sistematização das ciências, a generalização dos mais importantes resultados da
física, da química, da história natural. Por isso Garcia Morente, comenta que “o
positivismo é o suicídio da filosofia”.
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