quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Auguste Comte e a Lei dos Três Estados


Nesse ambiente cientificista, desenvolve-se no século XIX o pensamento positivista, cujo principal representante foi Auguste Comte (1798-1857). Ao examinar o desenvolvimento da inteligência humana desde os primórdios, Comte diz ter descoberto uma grande lei fundamental, segundo a qual o espirito humano teria passado por três estados históricos diferentes: o teológico, o metafisico e finalmente o positivo.

Auguste Comte (1798-1857)
No estado teológico, as explicações são dadas a partir de uma causalidade sobrenatural: os fenômenos resultam da ação dos deuses, no metafisico os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, por noções absolutas pelas quais se procura explicar a origem e o destino do universo; finalmente, no estado positivo, decorrente do aparecimento das ciências, as ilusões são superadas pelo conhecimento das relações invariáveis dos fatos, por meio de observações e do raciocínio que visam alcançar as leis efetivas.

Para Comte, o estado positivo corresponde à maturidade do espirito humano. O termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em oposição ao vago. É o que se opõe a formas teológicas ou metafisicas de explicação do mundo.

Enfim no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas intimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo numero o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir.

O positivismo retoma a orientação daqueles que aproveitam a crítica feita por Kant à metafisica, no século XVII. E leva às ultimas consequências o papel reservado à razão de descobrir as relações constantes e necessárias entre os  fenômenos, ou seja, as leis invariáveis que os regem. Ao se estender as explicações sobre os fenômenos humanos, essa concepção expulsa delas a noção de liberdade. Isso porque as leis invariáveis da física se sustentam pelo postulado do determinismo segundo o qual o reino da ciência é o reino da necessidade. Entendemos por necessidade física a “determinação de um encadeamento causal, relação em que uma mesma causa determina sempre um mesmo efeito”. Nesse sentido, necessário opõe-se a contingente, ou seja, algo que pode ocorrer ou deixar de ocorrer, por ser livre e imprevisível. O determinismo cientificista desconsidera as formas de compreensão da realidade que não sejam positivistas. Portanto, expulsos os mitos, a religião, as crenças em geral e a metafisica, que papel reservado à filosofia? Segundo Comte, cabe a ela a mera sistematização das ciências, a generalização dos mais importantes resultados da física, da química, da história natural. Por isso Garcia Morente, comenta que “o positivismo é o suicídio da filosofia”.

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