Cientificismo ou cientismo é um termo forjado na França durante a segunda metade do século XIX
(scientisme) para designar a escola de pensamento que aceita apenas a ciência
empiricamente verificável como fonte de explicação de tudo que existe. Assim, o
termo tem sido aplicado para descrever a visão de que as ciências formais e
naturais têm primazia sobre outros campos de pesquisa, tais como as ciências
sociais ou humanas.
O cientificismo é
também, por vezes, identificado por alguns como sendo a "religião dos
céticos" ou mesmo "religião da ciência", dados as suas
intransigências e postura às vezes inflexíveis quanto à capacidade do empirismo e da ciência proverem
resposta para toda e qualquer questão, e não apenas para aquelas questões que
em acordo com a definição encontram-se sob notório escopo. Nesse contexto o
cientificismo caracteriza-se por um naturalismo exacerbado que em termos de
origem e suposta abrangência por vezes diverge do metodológico presente na ciência
moderna.
Homem Vitruviano - Leonardo da Vinci. |
Podemos
falar de um cientificismo de caráter metafísico seria a tendência a acreditar que a ciência física
e natural vai resolver todos os problemas de interesse da Metafísica.
Seria, portanto, a atitude intelectual de pensar que as ciências experimentais
são capazes de fornecer um conhecimento completo do homem, resolvendo todos os
problemas e satisfazendo todos os seus desejos, mesmo os mais altamente
espirituais.
Em
conexão com isso, podemos falar de outro cientificismo de caráter mais metodológico, o que tende a considerar
o método quantitativo e experimental das ciências físicas e naturais como o
único válido em todos os campos do conhecimento, também nas ciências humanas. A
concepção de universo e os métodos dessas ciências devem ser alargados, de
acordo com esta mentalidade, para todos os domínios da vida intelectual e
moral, sem exceção. Este tipo de cientificismo não aceita, portanto, como
conhecimento válido, mais do que a aquisição das ciências chamadas “positivas”
(as ciências formais e ciências naturais), e não reconhece à razão outro papel
além daquele que representa a constituição das ciências.
Esta
atitude partiu em parte do empirismo e, depois, de Kant. Kant tentou negar a
possibilidade da metafísica como uma ciência com sua teoria peculiar de
conhecimento, dizendo que ela é incapaz de apreender a realidade como ela é,
mas consiste apenas em uma espécie de fenômenos sensoriais por meio de ideias e
julgamentos a priori aos quais se aplica o entendimento.
Cientificismo
passou a representar um aspecto violento, embora superficial, das polêmicas
anti-metafísicas desenvolvidas por alguns a partir de Kant. Neste sentido,
equivale ao positivismo cientificista. A tese central de Comte, o seu principal
representante, é que existe apenas um conhecimento autêntico, o das ciências
positivas, a ciência dos fenômenos. A filosofia, portanto, não seria um saber
distinto e independente; se reduziria para Comte, numa reflexão sobre as
ciências.
O que
caracteriza a mentalidade cientificista, para não ser confundido com a
científica, é a tentativa de objetivar todas as causas, não reconhecendo nada
além da objetividade, de integrar o mundo humano ao mundo dos objetos. Há dois
princípios básicos, fundamentalmente envolvidos nesta mentalidade:
a) a
verdadeira ciência é uma espécie de mecânica universal, capaz de traduzir em
termos racionais todos os fenômenos, sem dar uma posição privilegiada para
qualquer um deles, mesmo aqueles que ocorrem na escala humana e, portanto, com caracteres
qualitativos, mas reduzindo-os em equações quantitativas;
b) o
método da ciência consistiria apenas em ordenar e explicar os fatos segundo a
necessidade causal. Aplicação, portanto, do determinismo universal ao mundo
inteiro, incluindo o mundo humano.
Próxima postagem:
Auguste Comte e a Lei dos Três Estados
Ótima explicação, parabéns 👏
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