O século
XVIII é conhecido como Iluminismo, Século das Luzes, Ilustração ou Aufklärung.
É à saída do homem de sua menoridade, da qual ele é o próprio responsável.
A menoridade é a incapacidade de fazer uso do entendimento sem a condução
de outro. O homem é o próprio culpado dessa menoridade quando sua causa reside
não na falta de entendimento, mas na falta de resolução e
coragem para usá-lo sem a condução de outro. Sapere aude! "Tenha
coragem de usar seu próprio entendimento!” - esse é o lema da ilustração.
Trata-se do otimismo no poder da razão de reorganizar o mundo humano.
Já no
Renascimento, se desenrola a luta contra o principio da autoridade e a busca
dos próprios poderes humanos, pelos quais o homem o tecerá próprio à trama do
seu caminho. O racionalismo e o empirismo do século XVII (Descartes, Locke e
Hume) dão o substrato filosófico dessa reflexão: Descartes justifica o poder da
razão de perceber o mundo através de ideias claras e distintas. Locke valoriza
os sentidos e a experiência na elaboração do conhecimento. Hume coloca em
questão a validade universal do principio de causalidade.
A
filosofia do iluminismo também sofre a influência da revolução cientifica
levada a efeito por Galileu no século XVII. O método experimental fazendo
surgir às novas ciências, as quais, por sua vez, aperfeiçoam ainda mais a
tecnologia. Com o seu poder aumentado, o ser humano não mais se contenta em
completar a harmonia da natureza: quer conhece-la para dominá-la. Por fim, a
natureza passa a ser vista de forma dessacralizada, isto é, desvinculada da
religião. Tornando-se livre de qualquer tutela, sabendo-se capaz de procurar
soluções para seus problemas com base em princípios racionais, o homem estende
o uso da razão a todos os domínios: politico, econômico, moral e religioso.
A
exaltação do poder do homem decorre do fato de que a segurança do filosofo é a
segurança do burguês que deve a sua inteligência, ao seu espirito de iniciativa
e de previdência, o lugar que tem na sociedade. A emancipação do homem, na qual
Kant vê o traço distintivo do Iluminismo, é a emancipação de uma classe, a
burguesia, que atinge sua maioridade.
Nesse
momento se dá o fortalecimento do sistema capitalista como modo de produção
predominante, o que se exemplifica pela Revolução Industrial, marcada pelo
aparecimento da maquina a vapor em meados do século XVIII e que introduz o
processo de mecanização das indústrias.
De fato o
século XVIII é o século das revoluções burguesas, ocorreu a Revolução Gloriosa
e a Revolução Francesa. Ecos desses acontecimentos chegaram ao Novo Mundo, em
movimentos de emancipação como a Independência dos Estados Unidos (1776), a
Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798).
A
influência do Iluminismo se estendeu por toda a Europa, mas principalmente na
Inglaterra, França e Alemanha.
Na
Inglaterra, seus representantes fizeram furor em sua época, sobretudo por serem
conhecidos como livre pensadores, no sentido de desenvolverem uma crítica a
Igreja oficial e pregarem a tolerância religiosa. Nesse aspecto, são os iniciadores
do deísmo, que dai em diante influenciará os demais pensadores iluministas,
ainda que a partir de elaborações diferentes do que se entendia por religião
natural, além de provocarem reações vigorosas no clero. Entre os deístas
ingleses, destacam-se John Toland, discípulo de Locke, além de Antony Collins,
Lord Boling-broke entre outros.
Na
França, seus expoentes são Montesquieu, Voltaire, Rousseau. O poder de
penetração da Ilustração na França se deve, sobretudo, ao caráter vulgarizador
da produção de seus filósofos empenhados em “levar as luzes” a todos os homens.
Importante nesse processo é a publicação da Enciclopédia, obra imensa cujos
verbetes são confiados a diversos intelectuais como Voltaire, Helvertius,
Montesquieu, Rousseau, Condillac, D’Alembert, Diderot.
Na
Alemanha, o movimento é conhecido como Aufklärung. É importante acentuar a
especificidade desse “país”, já que não podemos falar de autonomia nacional,
pois a Alemanha não passa, naquele momento, de um agregado de Estados que têm
em comum apenas a língua. (A unificação alemã só ocorrerá no século XIX). A
economia feudal ainda predominante mantém o povo miserável e impede a ascensão
da burguesia rica e esclarecida. Além disso, a Alemanha se acha extenuada pela
Guerra dos Trinta Anos. Só na segunda metade do século XVIII começam a aparecer
sinais da emancipação intelectual, sobretudo na produção literária e musical.
Na
filosofia alemã as expressões maiores são: Wolff, Lessing e Baumgarden. Mas foi
Kant o filósofo por excelência desse período, criando uma obra sistemática cuja
influência marcará a filosofia posterior.
Próxima postagem: O Criticismo – Immanuel Kant
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