segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A ilustração ou Aufklärung


O século XVIII é conhecido como Iluminismo, Século das Luzes, Ilustração ou Aufklärung. É à saída do homem de sua menoridade, da qual ele é o próprio responsável. A menoridade é a incapacidade de fazer uso do entendimento sem a condução de outro. O homem é o próprio culpado dessa menoridade quando sua causa reside não na falta de entendimento, mas na falta de resolução e coragem para usá-lo sem a condução de outro. Sapere aude! "Tenha coragem de usar seu próprio entendimento!” - esse é o lema da ilustração. Trata-se do otimismo no poder da razão de reorganizar o mundo humano.
Já no Renascimento, se desenrola a luta contra o principio da autoridade e a busca dos próprios poderes humanos, pelos quais o homem o tecerá próprio à trama do seu caminho. O racionalismo e o empirismo do século XVII (Descartes, Locke e Hume) dão o substrato filosófico dessa reflexão: Descartes justifica o poder da razão de perceber o mundo através de ideias claras e distintas. Locke valoriza os sentidos e a experiência na elaboração do conhecimento. Hume coloca em questão a validade universal do principio de causalidade.
A filosofia do iluminismo também sofre a influência da revolução cientifica levada a efeito por Galileu no século XVII. O método experimental fazendo surgir às novas ciências, as quais, por sua vez, aperfeiçoam ainda mais a tecnologia. Com o seu poder aumentado, o ser humano não mais se contenta em completar a harmonia da natureza: quer conhece-la para dominá-la. Por fim, a natureza passa a ser vista de forma dessacralizada, isto é, desvinculada da religião. Tornando-se livre de qualquer tutela, sabendo-se capaz de procurar soluções para seus problemas com base em princípios racionais, o homem estende o uso da razão a todos os domínios: politico, econômico, moral e religioso.
A exaltação do poder do homem decorre do fato de que a segurança do filosofo é a segurança do burguês que deve a sua inteligência, ao seu espirito de iniciativa e de previdência, o lugar que tem na sociedade. A emancipação do homem, na qual Kant vê o traço distintivo do Iluminismo, é a emancipação de uma classe, a burguesia, que atinge sua maioridade.
Nesse momento se dá o fortalecimento do sistema capitalista como modo de produção predominante, o que se exemplifica pela Revolução Industrial, marcada pelo aparecimento da maquina a vapor em meados do século XVIII e que introduz o processo de mecanização das indústrias.
De fato o século XVIII é o século das revoluções burguesas, ocorreu a Revolução Gloriosa e a Revolução Francesa. Ecos desses acontecimentos chegaram ao Novo Mundo, em movimentos de emancipação como a Independência dos Estados Unidos (1776), a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798).
A influência do Iluminismo se estendeu por toda a Europa, mas principalmente na Inglaterra, França e Alemanha.
Na Inglaterra, seus representantes fizeram furor em sua época, sobretudo por serem conhecidos como livre pensadores, no sentido de desenvolverem uma crítica a Igreja oficial e pregarem a tolerância religiosa. Nesse aspecto, são os iniciadores do deísmo, que dai em diante influenciará os demais pensadores iluministas, ainda que a partir de elaborações diferentes do que se entendia por religião natural, além de provocarem reações vigorosas no clero. Entre os deístas ingleses, destacam-se John Toland, discípulo de Locke, além de Antony Collins, Lord Boling-broke entre outros.
Na França, seus expoentes são Montesquieu, Voltaire, Rousseau. O poder de penetração da Ilustração na França se deve, sobretudo, ao caráter vulgarizador da produção de seus filósofos empenhados em “levar as luzes” a todos os homens. Importante nesse processo é a publicação da Enciclopédia, obra imensa cujos verbetes são confiados a diversos intelectuais como Voltaire, Helvertius, Montesquieu, Rousseau, Condillac, D’Alembert, Diderot.
Na Alemanha, o movimento é conhecido como Aufklärung. É importante acentuar a especificidade desse “país”, já que não podemos falar de autonomia nacional, pois a Alemanha não passa, naquele momento, de um agregado de Estados que têm em comum apenas a língua. (A unificação alemã só ocorrerá no século XIX). A economia feudal ainda predominante mantém o povo miserável e impede a ascensão da burguesia rica e esclarecida. Além disso, a Alemanha se acha extenuada pela Guerra dos Trinta Anos. Só na segunda metade do século XVIII começam a aparecer sinais da emancipação intelectual, sobretudo na produção literária e musical.
Na filosofia alemã as expressões maiores são: Wolff, Lessing e Baumgarden. Mas foi Kant o filósofo por excelência desse período, criando uma obra sistemática cuja influência marcará a filosofia posterior.

Próxima postagem: O Criticismo – Immanuel Kant

Nenhum comentário:

Postar um comentário